"Sou psicóloga, não preciso de terapia porque me entendo."
Essa frase revela um uso distorcido da formação profissional como armadura narcísica.
Segundo autores como Michele Engelke, Elan Golomb e Christine Lawson, isso é um indicativo de que:
➤ Ela confunde saber técnico com maturidade emocional.
Conhecer conceitos não significa processar suas próprias dores, traumas e mecanismos de defesa.
➤ Ela usa o título profissional para se isentar da vulnerabilidade.
A psicoterapia exige exposição, entrega e revisão de si — e isso fere diretamente o ego narcisista, que precisa manter a imagem de controle e perfeição.
➤ Ela invalida o processo terapêutico como espaço de transformação.
Ao dizer “eu me entendo”, o que ela quer dizer é:
“Eu já decidi quem eu sou e não vou me questionar.”
➤ Em muitos casos, ela se apropria do saber para manipular.
Ela pode usar jargões da psicologia para confundir, controlar ou desacreditar quem se opõe:
Isso torna o abuso mais difícil de identificar, porque vem travestido de “lucidez”, “disciplina” e “preparo técnico”.
Conhecer psicologia não torna ninguém emocionalmente disponível.
Pelo contrário: quando o narcisismo está presente, o saber pode virar ferramenta de negação, controle e invalidação do outro.
Por que o saber não salva uma mãe narcisista?
Porque ela não usa o saber para se transformar — usa para se proteger.
Ela conhece os nomes das dores, mas não entra em contato com as próprias.
Refina o discurso, mas resiste à escuta verdadeira.
E, no lugar de abrir espaço para o outro, usa o conhecimento como escudo contra qualquer confronto.
Saber não cura quando o ego não permite sentir.